E LÁ SE FOI 2012...

2012 foi um ano muito bom, de bons momentos nessa minha vida de navegante sonhador. Na verdade, todo navegante é um grande sonhador e vice-versa. Foi o ano em que resolvi me aventurar mais nesse mundo infinito da navegação, me tornei até Capitão Amador pra me permitir sonhar e planejar velejadas oceânicas. Tive a grande sorte de conhecer os amigos Nelson e Lúcia, o CASAL AVOANTE, lá de Natal, que me incentivaram e me deram a oportunidade de velejar até Noronha na Refeno 2012. 

Foi o ano em que criei este blog, com a intenção de dividir conhecimentos adquiridos, o que me incentiva a permanecer sempre estudando e lendo livros sobre navegação. Falando em livros, terminei há pouco a leitura do livro O VELHO E O MAR. Eu havia lido esse livro há mais de vinte anos. É um livro que recomendo a todos pela sua simplicidade e sua forte mensagem de amor ao Mar e à Vida.

Estou lendo um outro livro muito bom do Edson de Deus, PASSAGEIROS DO VENTO. Ele conta de sua bela história de vida com sua mulher Géu e suas pequenas filhas na década de 90 quando resolverarm sair de Salvador rumo ao Caribe, Atlântico Norte até Gibraltar, e retornando pelas Canárias, Cabo Verde, Noronha. É rico em detalhes, inclui um guia para navegação nessa rota.

Foi o ano em que conseguimos comprar o barco em que comecei a velejar, que pertencia a nossos amigos Mardônio e Tânia.

Só quero mesmo é agradecer a todos pela amizade, pelo incentivo de continuar escrevendo, velejando e sonhando. Que a paz e felicidade estejam presentes em nossas vidas nesse novo ano!

FELIZ ANO NOVO!!!!
BONS VENTOS!!!

 

ALMANAQUE NÁUTICO 2013

Caros amigos de vela, de vento , de mar, de navegação, informo a todos que já se encontra disponível para download o Almanaque náutico 2013, editado pela Marinha do Brasil.
CLIQUE AQUI PARA BAIXAR

Aproveito para desejar a todos um FELIZ NATAL! MUITA PAZ E AMOR PARA TODOS NÓS!

Deixo aqui uma foto que tirei numa velejada no início do Verão, 21/12 (fim dos tempos!), às 18:37, no lago paranoá, e o Sol ainda estava queimando as vistas. Mas o mundo não acabou! Graças a Deus!

O QUE SIGNIFICA AZIMUTE

           Na navegação astronômica utilizamos os Azimutes verdadeiro, polar e quadrantal.  O Azimute verdadeiro se refere ao ângulo formado entre o Astro projetado no horizonte e o norte verdadeiro. O Azimute polar tem como referência o pólo elevado, ou seja o pólo mais próximo onde se encontra o navegador, em função de sua  latitude. Já o Azimute quadrantal está associado ao quadrante onde se encontra o Astro em relação ao pólo elevado do navegador.

       Nesse texto quero falar um pouco sobre o Azimute verdadeiro. Sua utilização principal na navegação é de servir como referência para correções de desvios das agulhas magnéticas. Sabendo-se qual o Azimute do Sol no nascer ou no ocaso, pode-se calcular os desvios da agulha facilmente.

       Todos os dias, em função da variação da declinação do Sol para norte ou para Sul do Equador celeste, o Azimute no nascer e no pôr do Sol sofre uma alteração, fazendo com que vejamos o Sol nascer mais nordeste ou mais a sudeste. Hoje, por exemplo, dia 12/12/2012, a declinação do Sol está um pouco mais de 23º Sul, fazendo com que vejamos o Sol nascer mais a sudeste (Na latitude 15º S o azimute no nascer do Sol está por volta de 114º). Se quisermos saber qual será o azimute no pôr do Sol, tendo o valor referente ao nascer, basta diminuirmos o valor do azimute no nascer do Sol de 360º.

        Isso serve também para quem quer construir um imóvel que seja nascente ou poente, pois dependendo da localização, e do desenho da planta do imóvel, é aconselhável que se faça essas observações para saber com antecedência qual será a posição do Sol no decorrer do ano.
        Na página 06 do cap 43 do livro A ciência e a Arte da Navegação (Miguens), encontramos uma tabela com os azimutes do Sol no nascimento e no ocaso para todos os meses do ano. Vale a pena conferir:
CAP 43 - NAVEGAÇÃO EM BALSAS

SOLSTÍCIO DE VERÃO

Amanhã, 21/12/2012, às 9:12 (horário de verão), começará o verão no hemisfério Sul. Se observarmos a página diária do almanaque náutico, veremos que o Sol alcançou sua declinação máxima de 23º26.1' às 20h (Hmg) do dia 20/12/2012. No entanto, para sabermos exatamente o horário em que começa o verão,

temos que considerar o período completo de translação da Terra, equivalente a 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos.

No almanaque observa-se que esse valor da declinação máxima de 23º26.1' se mantém por muitas horas, iniciando no dia 20 e indo até o dia 22. Então para saber o horário exato em que se completará o período de translação, consultei sites de astronomia.

Quem estiver navegando no litoral paulista próximo ao trópico de capricórnio, poderá ver o Sol bem no topo do mastro no horário da passagem meridiana que se dará por volta das 12:00.

Recomendo este site: ASTRONOMIA E ASTROFISICA

A ESFERA CELESTE

Respondendo ao que meu amigo Luiz perguntou sobre o equador celeste ao comentar o texto que escrevi COMO CALCULAR A HORA DO NASCER DO SOL, vou fazer algumas considerações a respeito do assunto.

Primeiro temos que considerar que na navegação astronômica utilizamos a Esfera celeste para localização dos astros. A esfera celeste é uma projeção no espaço da esfera terrestre com todos os meridianos e paralelos. Portanto, o equador celeste seria a projeção de nosso equador terrestre. Quando afirmamos que um astro tem sua localização definida na esfera celeste, quer dizer que nesse instante essa localização do astro também é projetada na esfera terrestre, o que chamamos de Ponto Geográfico do Astro. Os Astros giram em torno da Terra juntamente com a Esfera Celeste.

Imaginemos que a linha do equador corre no sentido leste/oeste. Se estamos localizados na latitude 15º sul e queremos saber por onde passa a linha do equador, basta olharmos para o leste e imaginarmos que se estamos ao sul da linha do equador, esta se encontra à nossa esquerda. Cada 1º de latitude corresponde a 60 milhas, então a linha do equador está a uma distância de 900 milhas de nossa latitude.

 

COMO CALCULAR A HORA DO NASCER DO SOL

Não é necessário fazer tantos cálculos para sabermos o horário em que o Sol irá nascer em determinado dia e lugar. Precisamos antes de tudo definir a  localização aproximada para onde se pretende determinar o momento do nascer do Sol.

Nas páginas diárias do Almanaque náutico encontramos todos os elementos para nossos cálculos. Apresentarei neste texto um exemplo mais simples, sem utilização da tábua para interpolação (explicarei essa tábua em outro texto).

Para utilizarmos o Almanaque devemos primeiro saber que suas páginas diárias são divididas de forma que para cada página contenha informações de 03 dias do mês. As informações a respeito dos horários dos crepúsculos, nascer e pôr do Sol e Lua se encontram em colunas ao lado da coluna equivalente às latitudes.

Então, vamos considerar que pretendemos saber em que horário o Sol irá nascer num lugar com as coordenadas 10º S e 045º W no dia 16/12/2012.

Primeiro passo – transformar a longitude em tempo. Cada 15º correspondem a 1 hora, então 45º equivalem a 3 horas. Essa conversão do arco em tempo se faz necessária devido ao fato de que no Almanaque náutico o horário do nascer do Sol que está registrado para cada latitude equivale ao horário referente à hora média local em Greenwich no momento do nascer do Sol.

Segundo passo – Como o lugar está localizado a oeste de Greenwich, iremos somar essas 3 horas ao horário indicado na coluna referente à latitude de 10º S (entrando na página diária referente aos dias 14,15 e 16/12/2012, veremos que na coluna do Nascer do Sol, para a latitude 10 S temos o horário de 5:34).

Terceiro passo - Então teremos que no nosso local escolhido o momento do nascer do Sol ocorrerá às 8:34 (HMG). Temos ainda que transformar em hora legal. Nesse caso, como estamos na longitude oeste, basta subtrairmos o valor do fuso correspondente a 45º para chegarmos ao resultado da hora legal. 45º corresponde a fuso 3; então a hora legal do nascer do Sol no local escolhido será às 5:34.

Porém, há um detalhe muito importante; se neste local estiver vigorando o horário de verão, o fuso correspondente é o 2, então o nascer do Sol seria às 6:34. Observando no mapa, essa localização está no sul do Piauí, então não temos aí o horário de verão. Portanto, para essa localização a hora legal do nascer do Sol no dia 16/12/2012 será às 5:34.

Este assunto também faz parte do programa para a prova de Capitão Amador, bem como os textos que já postei aqui no blog sobre passagem meridiana do Sol , declinação magnética, sextante.

Pra quem não quer fazer nenhum cálculo, tem um site muito interessante com o calendário solar e lunar:
CALENDÁRIO SOLAR E LUNAR - APOLLO11.COM

PÁGINA DO ALMANAQUE DIAS 14,15 e 16/12/2012:

Bons Ventos!

CURIOSIDADES SOBRE O NASCER DO SOL

Como já havia comentado em outro texto o Almanaque náutico  traz várias informações a respeito dos fenômenos astronômicos como declinação do Sol, horário da passagem meridiana, horário dos crepúsculos, informações sobre estrelas, planetas, lua, etc...

Os crepúsculos são os momentos que antecedem o nascer e sucedem o pôr do Sol. Esses momentos assim como os horários do nascer e pôr do Sol estão registrados nas páginas diárias do almanaque náutico.

O horário do nascer do Sol varia de acordo com a latitude e longitude do lugar. No almanaque temos registrados os horários em função das latitudes, e este horário é referente à hora média local de Greenwich, sendo que para sabermos qual seria o horário legal do nascer do Sol em determinado lugar, temos que em função da longitude do lugar  calcularmos a hora média de Greenwich para aquele lugar e depois em função do fuso horário convertermos o resultado para hora legal. Parece um pouco complicado, mas publicarei um outro texto para exemplificar esse processo.

Em função da declinação do Sol um dos hemisférios vai aos poucos recebendo menos luz. Por exemplo, hoje, 06/12/2012 o Sol já está com uma declinação de 22º30’ ao sul do Equador, estamos quase no Verão no hemisfério Sul, que começará no dia 21, quando o Sol estará com uma declinação máxima de 23º26.1’ Sul. Se observarmos a data do dia 17/11/2012, veremos que lá na latitude 72º norte o Sol já não aparece, ou seja, quem estiver por lá, está literalmente às escuras numa longa noite de aproximadamente 03 meses.

Então, conforme a época do ano, num mesmo lugar,  o Sol poderá nascer mais cedo ou mais tarde, ou ficar um bom tempo às escondidas, tudo em função da sua declinação. Mas, se o eixo da Terra não fosse inclinado, a história seria bem diferente!
        UM BELO NASCER DO SOL A BORDO DO AVOANTE EM RECIFE
                                                (REFENO 2012)

NO SERTÃO DA MINHA TERRA

Há um tempo atrás meu irmão Otoniel me enviou uma foto lá do “sertão”; era como chamávamos a fazenda de nossa vó naninha. Se não me engano o nome da fazenda era Cedro, mas toda a família chamava de Sertão.

Boa parte de nossa infância foi lá, as melhores recordações de quando era menino me remetem ao Sertão. Era uma fazenda muito grande, de mais de 500 hectares , com 03 açudes, o preferido era a lagoa que chamávamos de parede, por causa da pequena barragem.

Na parede íamos tomar banho, pescar, e lembro que era um lugar onde tinha muita cobra. Às vezes estávamos nadando e elas passavam por nós.

Acho que se começar a lembrar de tudo, dá pra escrever um livro. Lembro que acordávamos bem cedo, ainda escuro, e íamos pro curral tomar leite de vaca, com a caneca de alumínio cheia de açúcar. Depois íamos pro chiqueiro dos bodes pra soltá-los pra pastar na caatinga.

Lembro do “pé torto”, um jumento já cansado, que minha vó me deu, pois já não tinha serventia. Ele só andava depois que comia uma bacia de milho, que eu pegava escondido de minha vó. E acabou que o coitado veio a falecer um certo dia depois que dei várias bacias de milho, só pra ver o tanto que ele comia. Me disseram que morreu empanzinado.

Tempos depois, ganhei de minha vó uma ovelha prenha, com o trato de que a partir daquele dia eu iria levar as ovelhas pro pasto e buscá-las ao entardecer. Fiquei muito orgulhoso disso, e ia com as ovelhas feliz da vida. Pouco tempo depois de nascer o burrego, vim embora pra Brasília e abandonei minha criação de ovinos.

Gostava muito de ouvir as histórias de assombração do seu Quincas, que contava mascando fumo e cuspindo de instante em instante. Ele dizia que aquela cusparada de fumo mascado matava até sapo.

Recordo das malvadezas do meu primo Joaquim. Gostava muito de nos enganar. Certa vez, fez com que acreditássemos que o caipora andava por ali, e tínhamos que todo dia colocar um pedaço de fumo em algum pé de cerca para agradá-lo. E, é verdade que os fumos sempre sumiam. Até que um dia minha vó descobriu que eu andava com um pedaço de fumo no calção, aí a coisa ficou feia pro nosso lado e pro meu primo. Levei uns puxões de orelha por ter caído na conversa do Joaquim, e depois ficamos sabendo que ele mandava um peão nos seguir pra ver onde deixávamos os pedaços de fumo pro caipora.

O Joaquim não tinha mesmo o juízo muito certo. Inventou de criar uma jibóia e a colocou dentro de uma armação com tela. E, sempre íamos caçar Tiú pra que ela se alimentasse. Fugiu três vezes do gaiolão, e na terceira vez, sumiu pra sempre.

O Sertão era o lugar de encontro de toda família, primos, tios, era muita gente. Armávamos várias redes no alpendre da casa nova, a gente só dormia em rede como bons cearenses. No Sertão tinha a casa nova e a velha, uma casa muito antiga, não tinha luz, era só no candeeiro, tinha uns dez quartos, e as cobras viviam passeando pela casa atrás dos ratos do mato e dos ninhos de passarinhos.

A frase de Guimarães Rosa que diz que “o sertão é do tamanho do mundo” retrata bem o que eu sentia em relação ao nosso Sertão. A vida ali não tinha fim, e todo o resto era pequeno diante daquele mundão.

                                                     FOTO LÁ DO SERTÃO

VELEJANDO COM ASA DE POMBO

    O bom de velejar é brincar com o vento, estudar suas interações com as velas e o barco. Com certeza é um estudo permanente, pois pra se tornar um bom velejador tem que se dedicar bastante.
    Nesse domingo o vento tava fraquinho, aí fiquei treinando uns jibes, bordejei pra lá e pra cá nas águas do Paranoá. O lago de Brasília é realmente um lugar muito acolhedor, com belas paisagens, e muito bom pra velejar e treinar as manobras, pois o vento ronda muito.
    Então peguei o rumo pro Pontão, com vento de popa, muito fraco. Uma técnica boa pra quem está velejando somente com a mestra e a genoa nesse tipo de vento é fazer a Asa de Pombo. O barco desliza um pouco mais ligeiro, pois o vento empurra as duas velas, uma de cada lado.
    Na foto abaixo usei a Asa de Pombo com a genoa a bombordo e a mestra a boreste. Pra quem tá iniciando a dica é a seguinte: Solte a escota da mestra até que a retranca se posicione quase na perpendicular em relação à proa/popa, ou seja, no través. Mas, fique de olho para a mestra não encostar nas cruzetas. O vento tem que estar entrando com um rumo em relação à proa de mais ou menos 355 graus (basta ter como referência uma linha amarrada no brandal). Nesse caso, ao soltar a escota da genoa ela irá para bombordo e encherá com mais facilidade. Se o vento estiver formando zero graus com a proa, a tendência é que a genoa fique panejando com dificuldade de encher. Confira pela foto abaixo:

 

Bons Ventos!