segunda-feira, 9 de novembro de 2015

NOVO SITE VELAS DO MUCURIPE

Criei recentemente o novo site Velas do Mucuripe, onde colocarei novos textos, opções de páginas e links, com diversas seções. Na seção Blog o leitor tem o link para redirecionar para este blog, que continuará ativo para consulta aos diversos textos aqui publicados.

Obrigado a todos e Bons Ventos!

Faça uma visita ao site e deixe seu comentário para nos ajudar a sempre buscar uma melhor qualidade.

www.velasdomucuripe.com.br

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

QUESTÃO DA PROVA DE CAPITÃO - MOVIMENTO RELATIVO (RADAR)

Essa é uma questão que caiu numa prova para Capitão Amador em 2014, referente ao uso do radar para evitar colisão no mar. Trata-se de questão sobre movimento relativo, para ser resolvida com o uso da Rosa de Manobra. O amigo Kedo Marinheiro me pediu para comentar sobre essa questão.

A questão coloca a situação de um capitão que navega no rumo 070° com velocidade de 10 nós, e a tela do radar apresenta alguns alvos em determinado momento. O item abaixo é referente ao alvo D, que é mostrado na tela do radar às 03h00m na marcação relativa 140° a uma distância de 03 milhas. O mesmo alvo é mostrado às 03h06m na marcação relativa 123° a uma distância de 2,3 milhas. O radar estava em modo HEAD UP.
Pede-se o rumo e a velocidade do Alvo D.

SOLUÇÃO:

Geralmente os exercícios de movimento relativo são dados com as marcações verdadeiras. Nesse caso, os dados apresentados são em função do modo de apresentação do radar em HEAD UP. Então, basta convertermos as marcações para verdadeiras. Para isso, basta somar o valor do rumo aos valores das marcações. Então teremos 210° às 03h00m, e 193° às 03h06m.
- Na rosa de manobra escolhemos a escala para traçar os vetores com os dados das velocidades. Primeiro traça-se o vetor TR que representa o barco de referência, ou seja, o do capitão. Esse é o vetor que representa o rumo e a velocidade do barco de referência.
- Plotamos em seguida, os pontos D1 e D2 escolhendo uma escala para distâncias. Podemos a partir daí, traçar uma reta unindo os dois pontos para obtermos a DMR (direção do movimento relativo), que nesse caso, também é 070°.
- Em seguida, medimos a distância entre D1 e D2. Veremos que pela escala de distância adotada, a distância entre os dois pontos é de 01 milha. Então, o Alvo D percorreu 01 milha em 06 minutos, que equivale a 10 nós. Esse é o valor da VMR (velocidade do movimento relativo). Ainda não é a velocidade real do Alvo D.
- Para calcularmos o rumo e velocidade real do Alvo, utilizaremos os vetores referentes aos dados de rumo e velocidade do barco de referência e do movimento relativo do Alvo D. Já havíamos traçado o vetor TR, do barco de referência. A partir da extremidade desse vetor traçaremos o vetor do movimento relativo com os dados de DMR e VMR. Nesse caso, temos que o rumo relativo (DMR) é igual ao o rumo do barco de referência. Então o vetor RM (vetor do mov.relativo) será um prolongamento do vetor TR.
- Traçamos então o vetor RM, e concluímos que a soma desses dois vetores nos dará a velocidade real do barco, visto que o rumo será o mesmo.
- Resultado: rumo do Alvo D = 070°, velocidade = 20 nós.

BONS VENTOS!





sábado, 10 de outubro de 2015

PROVA DE CAPITÃO AMADOR COMENTADA - parte 2

Continuando a resolução da prova de capitão amador de 2015, referente às questões de navegação astronômica, segue mais algumas questões resolvidas e comentadas. Espero que ajude aos amigos navegantes e admiradores da navegação astronômica. Confira também a PRIMEIRA PARTE.

 No dia 15 de abril de 2015, um Capitão Amador, navegando com destino ao arquipélago dos
Abrolhos, preparou-se para determinar com o sextante (erro instrumental – 0,4’ ) a posição de seu iate na
passagem meridiana do Sol e, para isso, ainda de manhã, calculou alguns parâmetros aproximados do Sol
no momento da culminação, considerando estar, durante o evento, na posição estimada Lat = 18° 12,2’S e
Long = 037° 20,5’W. Baseado na situação descrita e nos demais dados apresentados no corpo das
perguntas, responda às questões que se seguem, assinalando a opção correta.


1.4) Observando a posição relativa entre o seu iate e o Sol, no triângulo astronômico de posição, o
Capitão verificou que a latitude do iate, no instante da Passagem Meridiana, nesse dia 15 de abril,
poderia ser calculada pela expressão:
( a ) latitude = 90° – altura do centro do Sol + declinação.
( b ) latitude = 90° – altura do centro do Sol – declinação.
( c ) latitude = declinação do Sol + altura do centro do Sol – 90°.
( d ) latitude = altura do centro do Sol – declinação do Sol – 90°.
( e ) latitude = 90° + altura do centro do Sol – declinação.

SOLUÇÃO:
Conforme calculamos no item 1.2 a dec = 9°47,2'N,  e o enunciado da questão
nos informou que lat.estimada = 18°12,2'S
Como a distância zenital é a distância do Astro ao zênite do observador, podemos concluir que nessa situação, a distância zenital é igual a soma da declinação (norte) mais a latitude sul.
Sendo assim, o valor da latitude é igual à distância zenital menos a declinação, ou seja,
latitude = (90° – altura do centro do Sol) – declinação. 

1.5) Às HMG = 14h 28m 13,0s, na longitude estimada desse mesmo dia, o Capitão colimou o limbo
inferior do Sol na passagem meridiana e obteve a altura instrumental (ai) de 61° 46,7'. Sabendo que seu
olho durante a observação estava com uma elevação de 2,7 metros em relação ao nível do mar, o Capitão
calculou a altura verdadeira do astro, tendo achado:
( a ) 61° 58,8’ .
( b ) 62° 00,5’ .
( c ) 61° 51,6’ .
( d ) 61° 46,5’ .
( e ) 62° 03,1’ .

SOLUÇÃO:

Para chegarmos à altura verdadeira do Sol temos que fazer as correções desde o erro instrumental, o valor
da depressão atribuído à altura do olho e as correções em função do semidiâmetro, refração e paralaxe, conforme a tábua A2 baseando-se na data e no limbo observado.
- O enunciado da questão nos forneceu erro instrumental = -0,4'. Com isso, calculamos a altura observada.
Altura observada = altura instrumental - 0,4' = 61°46,3'
- Veremos na tábua A2 que o valor de correção para altura do olho de 2,7m é 2,9'(depressão).
Altura aparente = altura observada - depressão = 61°43,4'
- O próximo passo é ir novamente na tábua A2 na coluna dos meses Abr-Set e procurar o valor mais próximo da altura aparente e pegar o valor de correção referente ao limbo inferior. Esse valor de correção já engloba a correção para o semidiâmentro, a refração média e a paralaxe.
Basta observar que na coluna da aap (altura aparente) não temos o valor de 61°46,3', então pegamos o valor de correção para as aap inferior e superior a esta.
Altura verdadeira = aap + 15.4' = 61°58,8'

1.6) A Latitude na Passagem Meridiana calculada pelo Capitão foi:
( a ) 18° 08,7’ S
( b ) 18° 01,2’ S
( c ) 18° 14,0’ S
( d ) 18° 11,7’ S
( e ) 17° 59,5’ S

SOLUÇÃO:
Conforme vimos no item 1.4 a latitude, nessa situação, será igual a distância zenital menos a declinação do Sol.
A distância zenital é igual a 90° - altura verdadeira.Então, dist.zenital = 90° - 61°58,8' = 28°01,2'
 Sendo assim, latitude meridiana = 28°01,2' - 9°47,2' = 18°14,0'S

domingo, 4 de outubro de 2015

PROVA DE CAPITÃO AMADOR COMENTADA - parte 01

Compartilho com os amigos navegantes a resolução da prova de Capitão Amador de 28/04/15, referente às questões de navegação astronômica. Espero que possa ajudar aos futuros Capitães e aos que admiram a arte da navegação. Como o assunto é extenso, dividi em várias partes.
Coloco-me à disposição para dúvidas.

1ª Questão (Navegação Astronômica - 2,0 pontos)

No dia 15/04/2015, um Capitão Amador, navegando com destino a Abrolhos, preparou-se para determinar com o sextante (erro instrumental -0,4') a posição de seu iate na passagem meridiana do Sol e, para isso, ainda de manhã, calculou alguns parâmetros aproximados do Sol no momento da culminação, considerando estar durante o evento, na posição estimada Lat = 18°12,2'S Long = 037°20,5'W. Baseado na situação descrita e nos demais dados apresentados no corpo das perguntas, responda às questões que se seguem, assinalando a opção correta.
1.1 - Durante o planejamento, o Capitão calculou a hora legal prevista para a passagem meridiana do Sol nesse dia 15/04/2015. Qual foi essa hora calculada?
    a) 12h00m
X b) 12h29m
    c) 11h45m
    d) 11h59m
    e) 12h15m

Para a solução o candidato recebe junto com a prova os anexos para utilização nos cálculos.

Solução:

- o primeiro passo é ir na página diária do almanaque náutico de 15/04/2015 e consultar no canto inferior direito da página os dados sobre a passagem meridiana do Sol. Os dados fornecidos são em hora média local, nesse caso, a hml da pmd (passagem meridiana) = 12h00m
- Em seguida devemos converter a longitude estimada em tempo para calcularmos a HMG (hora média em Greenwich) prevista da passagem meridiana, pois só após esse cálculo chegaremos à hora legal da pmd.
Devemos usar a tábua de Conversão de Arco em Tempo:
     037° = 2h28m
     20,5' = 1m22s
Então, aproximando ao minuto mais próximo, teremos 037°20,5' = 2h29m
HMG = HML + LongW   => HMG = 14h29m
- Para chegarmos na hora legal calculamos antes o fuso atribuido a essa longitude. Nesse caso, fuso = 2
Como se trata de longitude oeste, diminuiremos o fuso da HMG.
Hora legal = 12h29m.

1.2 - O Capitão calculou também qual seria a distância zenital estimada do centro do Sol na pmd nesse dia. Qual foi essa distância zenital estimada?
    a) 24°04,9'
    b) 26°15,7'
    c) 28°43,0'
X d) 27°59,4'
    e) 29°51,6'

Solução:

- Nesse caso, temos que a latitude estimada = 18°12,2'S. O cálculo da latitude meridiana está associado com a declinação e com a distância zenital. Como a questão está pedindo a distância zenital estimada, consideraremos para os cálculos a latitude estimada. Então, devemos antes de tudo, calcular a declinação do Sol para a hora prevista da passagem meridiana. Vimos que a HMG da pmd = 14h29m. Para entrarmos na página diária e calcularmos a declinação devemos entrar com a HMG inteira (14h) e depois fazer as correções para os minutos (29m).
- Para a HMG 14h a declinação = 9°46,8'N , ou seja, declinação norte. Comparando com a HMG anterior, a declinação é crescente. Isso é importante para a correção dos minutos.
- Para a correção dos minutos, no que se refere à declinação do Sol, devemos anotar o fator d encontrado no rodapé da página = 0,9. Com esse fator, iremos na página de acréscimos referente aos 29m para corrigir o valor da declinação do Sol para HMG 14h29m.
- Na página de acréscimos dos 29m iremos na coluna de correção de v ou d, e teremos o valor de correção para 0,9' igual a 0,4'. Será esse valor de 0,4' que acrescentaremos à declinação.
No final teremos que a declinação para para HMG 14h29m = 9°47,2' N
- Para chegarmos ao valor da distância zenital estimada, nesse caso, somaremos o valor da latitude com o valor da declinação, visto que a latitude é sul e a declinação é norte.
distância zen.estimada = 18°12,2' + 9°47,2' = 27°59,4'

Bons ventos e até a próxima!

Confira a PARTE 02

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

UMA CONVERSA COM CHRISTINA AMARAL, VELEJADORA E SKIPPER.


Ela nasceu pro Mar, onde vive, trabalha, e se encanta a cada dia mais com tudo o que o Mar lhe proporciona.
Tive o prazer de conhecer recentemente essa grande velejadora, Capitã e Skipper, Christina Amaral, que me deu a honra dessa entrevista.  Entre um charter e outro concluímos esse bate-papo:

Quando e onde foi seu primeiro contato com a vela?
Em 1996 , Belo horizonte,  na lagoa dos ingleses.

Qual modelo do seu barco?
Atoll 22 pés

Você mora no barco há quanto tempo?
Há quase 16 anos.

Como você planejou morar em um barco? Como foi esse processo?
Morar a bordo não foi bem um plano, foi um sonho.
Eu ganhei um projeto de um barco de 24 pés, iria construir o barco e depois ir para o mar, mas lendo os artigos em revistas de gente que construía barco, vi que precisava visitar essas pessoas e conhecer a realidade, foi uma paixão e um choque ao mesmo tempo,  porque ver o barco construindo é muito lindo mas o tempo que isso levava era crucial, eu queria velejar e morar a bordo logo, e havia pessoas que demoravam até 10 anos para terminar um barco.
Então comecei com a parte prática, cursos de básico de elétrica, mecânica e primeiros socorros na cruz vermelha, já era habilitada e velejava na lagoa dos ingleses em BH.
Um dia eu fui convidada por um amigo a fazer uma travessia de vitória à angra sem escala, ali no meio do mar, numa noite no meu turno, todos dormindo a bordo, eu tive um “insight”: - achei meu lugar no mundo, é aqui que quero viver, no mar.
Daí por diante decidi que não iria construir um barco pq ia demorar muito, eu queria tudo isso pra ontem, foi então que fiz um levantamento dos barcos que cabiam no meu orçamento e resolvi compra rum barco velho e barato,  fazer a reforma e navegar.
Um dia recebi um telefonema  quando estava em vitória, eu tinha ganho um barco de 27 pés todo quebrado e que precisava de reforma, não tive duvidas segui para Salvador de vespa, foi um aventura, dormindo na estrada em barraca, no dia que cheguei fui ver o barco, mas foi uma grande decepção,   barco tinha um rombo no costado de BB, de 3m que podia passar duas gravidas de 9 meses a mesmo todo. Fiquei um dia avaliando as condições do barco para ver se valia a pena a reforma, mas o barco era de balsa, e ai eu desisti.
Mudei outra vez de conceito de um barco para reforma, agora eu queria um barco que pelo menos flutuasse sem problemas.
Mas para achar esse barco não foi fácil, acabei viajando por todo litoral do Brasil  de vespa, em cada enseada que tinha um mastro na água eu parava e perguntava se estava a venda. Assim fiz 11 mil quilômetros de ida e volta pela costa brasileira, durante quase 8 meses, ( quando acabava o dinheiro eu parava pra trabalhar, rsrs).
Só fui encontrar o Aquarela aqui mesmo em Angra, que foi minha última parada de vespa, porque assim que comprei o Aquarela me mudei pra ele no mesmo dia.

Como é a vida a bordo? Quais as dificuldades e os prazeres de se viver a bordo? 
Depende muito, se for trabalhando, viajando ou só morando no barco numa marina, eu tenho todas essas rotinas o tempo todo. Nada de tédio!
A vida a bordo é muito simples, no sentido mais amplo da palavra, o espaço é restrito, então a vida tem que ser mais leve, simplesmente não tem como carregar ou ter um monte de coisas que juntamos ao longo da vida, mas que na realidade não serve pra muita coisa, no meu barco tenho uma regra, qualquer coisa nova que entra a bordo, deve sair outra igual em peso e tamanho. Senão  a linha d’água do barco só vai afundando.
Quando estou trabalhando, navegando fico atenta o tempo todo, nos tripulantes, no barco, na previsão do tempo, nas  ancoragens, no consumo de energia e água de bordo, resumindo  cuidando que tudo seja seguro e agradável para os hóspedes. A maior chatice a bordo ainda é a restrição de água doce, sempre economizando e controlando o consumo de água, afinal não é em todo lugar que tem como abastecer o barco, e em  muitos lugares pelo mundo temos que pagar.A liberdade é o maior prazer em se viver a bordo.

Nos conte um pouco sobre sua formação náutica. Qual sua habilitação?
Comecei a velejar tarde,  tenho um pouco mais de vinte anos de vela, minha habilitação é  capitão amador.
Trabalhei com  estaiamento e manutenção  de embarcações durante alguns anos,  hoje ainda faço trabalhos manuais como couro para a roda de leme, rede para guarda mancebo, marinharia com cabos.
Hoje trabalho somente como skipper de barcos de charter,  delivery e aulas de vela.

Quando e como começou a trabalhar como Skipper?
Em 2000 quando fui morar no mar,  comecei em regatas e depois com delivery.

Há muitas mulheres Skipper aqui no Brasil?
Tem muitas mulheres que velejam, são comandantes dos seus barcos, mas que trabalham como skipper são poucas.

Você prefere navegar sozinha ou com tripulação?
Essa pergunta é engraçada porque dos dois jeitos  eu gosto.Procuro me adaptar com o que tenho  na situação no momento, mas confesso que uma viagem  em solitário é uma paixão pra mim, muito embora atualmente é o que menos faço por causa do meu trabalho. Uma travessia com tripulação afinada, entrosada faz a viagem ficar perfeita. As pessoas depois de um tempo a bordo juntas tem um vinculo muito especial, de cumplicidade , amizade e companheirismo. 

Você prefere monocasco ou multicasco?
Eu prefiro Velejar. As vezes que velejei de multicasco eu adorei, foi um prazer incrível poder tirar a máxima velocidade que só um multicasco pode dar.
Já os monocascos são outra paixão. Eu me sinto em casa. E pra falar sinceramente gosto também dos momentos que o veleiro aderna delicadamente achando seu ponto de equilíbrio e encaixa nas ondas e navega como num balé.

Qual foi sua viagem em solitário que mais lhe marcou?
A primeira viagem,  foi a melhor de todas. Não só porque estava experimentando uma coisa nova, mas porque me sentia em harmonia com a natureza que me cercava.
As horas e horas observando as estrelas,  o mar , as ondas, todos os animais marinhos que encontrei pelo caminho, o sol, o calor, a chuva.  Você é parte de tudo isso.
E o silêncio que no mar não existe, cada ruído se comunica com você, o vento nas velas, nos estais, o marulho (que é o barulho que as ondas fazem no casco do barco), até os gemidos do barco querem dizer algo. E o melhor de tudo é poder ouvir seus próprios pensamentos.
Mas devo dizer que viajar sozinho é para poucos, é preciso gostar muito da sua própria companhia.

E sobre suas velejadas no Mediterrâneo?
Foram todas a trabalho, o que é muito diferente de quando se veleja de férias. Mas tive momentos inesquecíveis, velejando  em veleiros enormes, ou correndo regatas  em barcos que voam sobre as águas. Em lugares que  nos fazem viajar na história, que te envolve de cores intensas.

Quais seus planos de navegação?
Navegar é o que gosto, é como vivo, é onde ganho meu sustento.
Não sou de grandes planos, prefiro ver para onde o vento quer me levar.

Pensa em fazer uma circunavegação?
Querer, querer.. eu quero conhecer todas as ilhas de todos os mares.

Você planeja trocar de barco?
Não que eu não queira, nem que tenha apego ao Aquarela.Hoje ele serve para vida que eu tenho.

Qual o barco de seus sonhos?
Hallberg Rassy , um sonho mesmo!

E nas horas de folga o que gosta de fazer?
Uai,  stand up, pedalar, cozinhar, ler, escrever, nada (de nada mesmo),  passear,  conversa fiada no cockpit, fotografar, observar a natureza à minha volta, viajar, viajar  e viajar.

Qual sua percepção sobre a vela de cruzeiro no Brasil?
Desde que comecei a velejar no mar, percebo que a vela de cruzeiro cresceu muito, os barcos aumentaram de tamanho também, e tem cada vez mais gente querendo realizar esse sonho de viver a bordo. As marinas também estão se adaptando para isso.  

E quanto aos pontos de apoio aos velejadores na costa do Brasil?
Em quase toda a costa brasileira você encontra apoio à vela, nas marinas, clubes ou até de jeito improvisado por gente legal que gosta de velejar e dá apoio para quem estiver  passando, nas minhas viagens sempre tive apoio e solidariedade em todos os lugares que passei. Lógico que é muito no improviso, mas  isso faz parte a viagem, de navegar. Quem quer conforto e segurança nem sai do porto.

Você tem planos de deixar de morar a bordo?
Não, de jeito nenhum. Nunca.

 Qual seu recado para os admiradores e amantes da Navegação?
A vida de verdade só acontece quando você sai da sua zona de conforto.

Bons Ventos!





segunda-feira, 31 de agosto de 2015

CONCEITOS DE NAVEGAÇÃO : RUMO, PROA E MARCAÇÃO

Para os amigos que desejam fazer o Exame para Mestre Amador, segue alguns conceitos básicos para o entendimento e aplicação das técnicas de Navegação Costeira. Formatei há pouco tempo um curso de Navegação para ser ministrado a bordo do Mucuripe. Trata-se de um curso teórico e prático, abordando todo o conteúdo de navegação para Mestre Amador. Os conceitos abaixo fazem parte desse conteúdo.

TIPOS DE RUMO E MARCAÇÃO


O Rumo é referente à direção planejada para a navegação da embarcação num determinado trecho. O Rumo pode ter como referência o Norte Verdadeiro, Magnético, ou o Norte da Agulha. Podemos concluir que o Rumo é o ângulo entre o norte de referência e a linha traçada na carta com a direção a ser seguida pela embarcação.
Rumo é diferente de Proa, pois utilizamos geralmente o termo Proa como o rumo apontado pela agulha magnética num determinado instante da navegação, podendo variar constantemente em função de fatores diversos como corrente, ondulação, vento, condução do timoneiro, etc...
Conforme o norte de referência podemos ter os seguintes tipos de Rumo:

Rumo Verdadeiro,Rumo Magnético, Rumo da agulha.

A Marcação diz respeito a um alvo que marcamos num determinado instante da navegação, com a finalidade de nos orientar na navegação ou nos proporcionar linhas de posição para definirmos a posição da embarcação, quando estamos praticando a navegação sem uso de GPS, utilizando apenas pontos de referência que constam na carta náutica do local.
Quando marcamos um alvo (ilha, farol, morro, etc.) estabelecemos naquele instante uma linha de visada, e essa linha forma um ângulo com os nortes de referência e com a proa da embarcação. Dessa forma, poderemos ter vários tipos de marcação:

Marcação verdadeira, Magnética, De agulha, Relativa, Polar.

As Marcações Relativa e Polar têm como referência a proa da embarcação, e geralmente são utilizadas apenas para informações rápidas a respeito de um objeto avistado no decorrer da navegação, como por exemplo, um barco que esteja fundeado a 45° de nossa proa (marcação relativa), ou um tronco de árvore à deriva a 15° a bombordo de nossa proa (marcação polar).

A Marcação relativa vai de zero a 360° de nossa proa.
A Marcação Polar vai de zero a 180° de nossa proa, tanto por boreste quanto por bombordo.


Segue uma valiosa fonte de estudos sobre o assunto, elaborada pelo Cmte Miguens e disponibilizada pela Marinha:



capitaomucuripe@yahoo.com.br
Elson (Capitão Amador).


Imagem retirada do site Clube do Arrais.


 




segunda-feira, 17 de agosto de 2015

NAVEGANDO COM O GPS E O MX MARINER

Há poucos dias estive navegando na Baía da Ilha Grande. Antes de embarcar eu já havia traçado várias rotas no GPS e também no MX MARINER, pois quando estive por lá há dois anos naveguei apenas com um GPS que não tinha a carta náutica, então tive um trabalho imenso plotando os pontos de perigo por onde pretendia navegar.
Hoje tenho um GPS garmin 78 S com a carta da America do Sul, e no celular tenho o MX MARINER, além das cartas de papel da DHN. Dessa forma, a navegação foi bem tranquila.
Para quem não conhece, o MX MARINER é um software com as cartas raster da DHN, disponibilizado para Android, tem um custo baixo, e é bem prático. Você pode montar rotas utilizando waypoints gravados ou não, bastando apenas traçar os rumos desejados.
Basicamente utilizei o MX MARINER como um complemento ao GPS, pois a navegação principal foi feita através das rotas do GPS. O MX MARINER possibilita uma melhor visualização da carta, visto que a qualidade da carta da Garmin é um pouco inferior a uma carta raster, na minha opinião. No entanto, a navegação pelo GPS é mais rica em detalhes do que pelo MX MARINER, no que diz respeito aos dados fornecidos durante a execução da derrota.
E por falar em rotas, essas podem ser inúmeras, pois cada navegador costuma traçar a rota que melhor lhe convém. Mas, uma coisa é certa, o ponto crucial numa rota é a questão da segurança. Penso que ao planejarmos uma rota na carta ou no próprio GPS, temos que imaginar que a rota deve nos safar de todo obstáculo ou perigo próximo encontrado na área a ser navegada, levando em conta que poderemos navegar em situações adversas, com vento forte, mar agitado, nevoeiro, à noite, etc.
Muitas vezes a rota vai nos levar a um percurso mais longo, porém mais seguro. Imagine você planejar uma rota passando por pontos muito próximos a lajes, rochas, bancos de areia, bóias de sinalização, encostas, e vem um tempo ruim e te deixa em apuros!
Bom, como sabemos, os meios de se navegar são vários e hoje temos muitos recursos eletrônicos para nos auxiliar. Mas, de qualquer forma é sempre bom praticar a navegação tradicional, usando régua e compasso e as velhas cartas de papel. E, numa navegação ao largo, porque não ter à mão um velho sextante?

Bons Ventos!