segunda-feira, 31 de agosto de 2015

CONCEITOS DE NAVEGAÇÃO : RUMO, PROA E MARCAÇÃO

Para os amigos que desejam fazer o Exame para Mestre Amador, segue alguns conceitos básicos para o entendimento e aplicação das técnicas de Navegação Costeira. Formatei há pouco tempo um curso de Navegação para ser ministrado a bordo do Mucuripe. Trata-se de um curso teórico e prático, abordando todo o conteúdo de navegação para Mestre Amador. Os conceitos abaixo fazem parte desse conteúdo.

TIPOS DE RUMO E MARCAÇÃO


O Rumo é referente à direção planejada para a navegação da embarcação num determinado trecho. O Rumo pode ter como referência o Norte Verdadeiro, Magnético, ou o Norte da Agulha. Podemos concluir que o Rumo é o ângulo entre o norte de referência e a linha traçada na carta com a direção a ser seguida pela embarcação.
Rumo é diferente de Proa, pois utilizamos geralmente o termo Proa como o rumo apontado pela agulha magnética num determinado instante da navegação, podendo variar constantemente em função de fatores diversos como corrente, ondulação, vento, condução do timoneiro, etc...
Conforme o norte de referência podemos ter os seguintes tipos de Rumo:

Rumo Verdadeiro,Rumo Magnético, Rumo da agulha.

A Marcação diz respeito a um alvo que marcamos num determinado instante da navegação, com a finalidade de nos orientar na navegação ou nos proporcionar linhas de posição para definirmos a posição da embarcação, quando estamos praticando a navegação sem uso de GPS, utilizando apenas pontos de referência que constam na carta náutica do local.
Quando marcamos um alvo (ilha, farol, morro, etc.) estabelecemos naquele instante uma linha de visada, e essa linha forma um ângulo com os nortes de referência e com a proa da embarcação. Dessa forma, poderemos ter vários tipos de marcação:

Marcação verdadeira, Magnética, De agulha, Relativa, Polar.

As Marcações Relativa e Polar têm como referência a proa da embarcação, e geralmente são utilizadas apenas para informações rápidas a respeito de um objeto avistado no decorrer da navegação, como por exemplo, um barco que esteja fundeado a 45° de nossa proa (marcação relativa), ou um tronco de árvore à deriva a 15° a bombordo de nossa proa (marcação polar).

A Marcação relativa vai de zero a 360° de nossa proa.
A Marcação Polar vai de zero a 180° de nossa proa, tanto por boreste quanto por bombordo.


Segue uma valiosa fonte de estudos sobre o assunto, elaborada pelo Cmte Miguens e disponibilizada pela Marinha:



capitaomucuripe@yahoo.com.br
Elson (Capitão Amador).


Imagem retirada do site Clube do Arrais.


 




segunda-feira, 17 de agosto de 2015

NAVEGANDO COM O GPS E O MX MARINER

Há poucos dias estive navegando na Baía da Ilha Grande. Antes de embarcar eu já havia traçado várias rotas no GPS e também no MX MARINER, pois quando estive por lá há dois anos naveguei apenas com um GPS que não tinha a carta náutica, então tive um trabalho imenso plotando os pontos de perigo por onde pretendia navegar.
Hoje tenho um GPS garmin 78 S com a carta da America do Sul, e no celular tenho o MX MARINER, além das cartas de papel da DHN. Dessa forma, a navegação foi bem tranquila.
Para quem não conhece, o MX MARINER é um software com as cartas raster da DHN, disponibilizado para Android, tem um custo baixo, e é bem prático. Você pode montar rotas utilizando waypoints gravados ou não, bastando apenas traçar os rumos desejados.
Basicamente utilizei o MX MARINER como um complemento ao GPS, pois a navegação principal foi feita através das rotas do GPS. O MX MARINER possibilita uma melhor visualização da carta, visto que a qualidade da carta da Garmin é um pouco inferior a uma carta raster, na minha opinião. No entanto, a navegação pelo GPS é mais rica em detalhes do que pelo MX MARINER, no que diz respeito aos dados fornecidos durante a execução da derrota.
E por falar em rotas, essas podem ser inúmeras, pois cada navegador costuma traçar a rota que melhor lhe convém. Mas, uma coisa é certa, o ponto crucial numa rota é a questão da segurança. Penso que ao planejarmos uma rota na carta ou no próprio GPS, temos que imaginar que a rota deve nos safar de todo obstáculo ou perigo próximo encontrado na área a ser navegada, levando em conta que poderemos navegar em situações adversas, com vento forte, mar agitado, nevoeiro, à noite, etc.
Muitas vezes a rota vai nos levar a um percurso mais longo, porém mais seguro. Imagine você planejar uma rota passando por pontos muito próximos a lajes, rochas, bancos de areia, bóias de sinalização, encostas, e vem um tempo ruim e te deixa em apuros!
Bom, como sabemos, os meios de se navegar são vários e hoje temos muitos recursos eletrônicos para nos auxiliar. Mas, de qualquer forma é sempre bom praticar a navegação tradicional, usando régua e compasso e as velhas cartas de papel. E, numa navegação ao largo, porque não ter à mão um velho sextante?

Bons Ventos!





domingo, 16 de agosto de 2015

COMO CALCULAR A ALTURA DA LUA USANDO O SEXTANTE

É muito simples determinar a altura dos astros tendo apenas o sextante e o Almanaque Náutico. Nesse exemplo vou descrever o passo a passo para determinar a altura da Lua.  A partir desse cálculo da altura é que podemos adiante utilizar outras tábuas de navegação para determinarmos os elementos para traçar uma reta de posição. Mostrarei em outro post a sequência de cálculos para uma reta de altura da Lua, bem parecido com o exemplo que vimos em relação ao Sol (Clique aqui para saber mais).
A primeira coisa a ser feita é determinar o erro instrumental do sextante (ei), e saber a altura do olho para definirmos o valor da depressão a ser subtraído. Nesse exemplo tivemos:
ei = +2'
elevação do olho = 3m

Data - 30/05/2015       
Hora legal - 17:10:25           HMG - 20:10:25
lat. estimada - 15°50'S
long. estimada- 047°50'W

A altura obtida com o sextante (ai) foi de 19°50', de onde devemos somar ou subtrair o ei para chegarmos à altura observada (ao). 

ao = ai + 2'= 19°52'

O próximo passo é obter a altura aparente (aap). Para tanto, vamos usar a tábua de correção da Lua encontrada no Almanaque Náutico. Lá encontraremos o valor da depressão (dep) em função da elevação  do olho, e subtrairemos esse valor da altura observada. A depressão é nada mais do que o desnível do nosso horizonte aparente com o horizonte visual. A altura do sextante tem como referência o horizonte visual que sofre uma pequena curvatura em função da elevação do olho em relação à superfície. Essa curvatura é compensada um pouco pela refração terrestre. Na correção aplicada na tábua esses elementos são considerados.

aap = ao - dep = 19°49'

No almanaque náutico, para cada HMG inteira temos um valor atribuído à paralaxe horizontal da lua (ph), da qual teremos um valor de correção a ser adicionado à altura da lua. No entanto, a tábua de correções para a altura da Lua se divide em duas partes. Levando em conta que escolhemos o limbo inferior para observar o astro, teremos um valor de correção adicional para levando em conta a refração atmosférica e o semidiâmetro, e outro valor de correção em função da paralaxe.
Na prática é muito simples. Primeiro entra-se na tábua com o valor inteiro da aap e anota-se o valor de correção aplicado ao valor inteiro dos minutos mais próximos.

Valor da ph para HMG (20h) = 55.4'

Valor inteiro da aap = 19°
Valor inteiro dos minutos mais próximos = 50'
Valor da correção para 50' = 62.2'

Em seguida, na mesma tábua, na coluna dos 19° desce-se para a parte referente à correção em função do limbo observado e a ph.

Nesse caso usamos o limbo inferior. 
Valor de correção para ph = 2.2'

Para obter a altura verdadeira (av) somamos os valores dessas correções adicionais à aap.

av = 20°53.4'

Usando os dados do GPS e o software STARSTRUCK NAVIGATION o valor da altura verdadeira
é de 2.6' a mais.

CLIQUE AQUI PARA VER AS TÁBUAS DE CORREÇÕES PARA A LUA.