quarta-feira, 27 de junho de 2012

REGIME DE VENTOS NO LITORAL

Encontrei um tópico muito interessante no fórum da Náutica escrito pelo Hélio Magalhães sobre o sistema de ventos na costa Brasileira, que reproduzo abaixo:


"O que eu acho é que até dá pra fazer uma descrição da predominância.
Porém, como qualquer previsão, é meramente uma observação baseada em estatísticas. E elas estão mudando.

O que me parece é que o padrão geral é o seguinte:

Região Norte
Outono e Inverno - Ventos de SE a E frescos. As calmarias são raras.
Primavera Verão - Ventos de E a NE também frescos. Calmarias são raras.

Região Nordeste
Outono Inverno e Primavera - Ventos de SE a E frescos acima da Bahia e Moderados neste estado. As Calmarias são frequentes nas manhãs, especialmente na Baía de Todos os Santos. À tarde chega a Viração, trazendo o vento do mar e refrescando.
Verão - Ventos de E e NE são predominantes. Na Bahia tem calmaria todos os dias pela manhã. Acima dali o ventos NE vai ficando mais fraco até ser doce e fraco na região do RN e PB. Nos finais de tarde podem surgir as Trovoadas, que na Baía de Todos os Santos, podem se repetir por até três dias seguidos praticamente no mesmo horário.

Região Sudeste
Outono - Camarias alternadas com ventos frescos de SE e E. As frentes frias começam a chegar com mais força.
Inverno - É a melhor época. Os ventos de SE ficam fracos e a temperatura geral cai. Os dias são de Sol e as Noites frias, ideais pra dormir.
Primavera - Chegam os ventos frescos de SE. Aliás os pescadores temem mais o SE do que o próprio SW que vêem com as frentes frias da Primavera. Que ficam bem fortes às vezes.
Verão - O calor do verão traz a Lestada durante o dia e a calmaria da noite. Às vezes no final da tarde têem-se uma Trovoada, que podem vir com ventos frescos de NW, raios e chuva. É o que o pescador local chama de "Água Fria". Em alguns dias essa chuva é esperada com ansiedade, pois amenizam o calor forte.

Região Sul
Não tenho experiência suficiente nessa região.
Parece que o vento chato dali é o NE, mas as frentes frias de SW também causam preocupações.

Deixo aí minhas impressões como tópico.
Espero ser criticado e que surjam as sugestões. E claro, o complemento para a região Sul por alguém que a conheça bem."

Grande abraço
Hélio Magalhães

sábado, 23 de junho de 2012

NAVEGANDO NUM MAR DE LIXO

Em 2008 a revista Planeta publicou uma matéria denunciando a existência de uma enorme área tomada pelo lixo no oceano pacífico. Naquela época essa área já ocupava um território marítimo de 680.000 km2. É impressionante saber que nada foi feito desde então e, agora em plena RIO+20, constatamos que nada será feito em breve, pois acabaram de alterar o texto referente às medidas que deveriam ser tomadas com urgência para despoluição dos oceanos, adiando essa "preocupação" por parte dos "líderes governantes" para 2014. É VERGONHOSO E REVOLTANTE! Esses irresponsáveis não pensam que estão cada vez mais contribuindo para a própria extinção. SOMOS UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO!
Deixo aqui o link sobre a matéria de 2008 da revista Planeta:

http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/427/artigo76909-1.htm

Abraço a todos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

SOLSTÍCIO DE JUNHO E A MEDIÇÃO DO GLOBO TERRESTRE


Hoje (20/06/2012), às 20:08:48 o Sol estará na sua maior declinação norte em relação ao equador celeste em função do movimento de translação da Terra em torno do Sol, marcando assim o início do verão no hemisfério norte e do inverno no hemisfério sul. E, foi justamente no Solstício de junho, há mais de 2 mil anos atrás,  que Eratóstenes fez os cálculos de medição da circunferência do globo terrestre baseando-se em suas observações relativas ao momento de maior altura do Sol naquele dia em diferentes lugares e seus respectivos ângulos formados pelas sombras produzidas no instante observado. Vou explicar melhor: 
Há mais de dois mil anos, Eratóstenes (276-196 AC), cientista da cidade de Alexandria, no Egito, obteve informações por intermédio de viajantes de que em Siena, cidade ao Sul de Alexandria, quando o Sol estava em sua maior altura no céu de meio-dia, os objetos não produziam sombra naquele dia de 21 de junho. Então, ele concluiu que Siena deveria estar sobre o trópico de câncer (23º norte), pois já se sabia da declinação máxima que o Sol atingia no Solstício. Deduziu que Siena estava no mesmo meridiano que Alexandria.
A partir dessas informações Eratóstenes julgou ser possível calcular a circunferência da Terra. Para isto, precisaria saber a distância entre as duas cidades, e no instante da culminação do Sol no dia 21 de junho, calcularia o ângulo formado pela sombra de um objeto(coluna vertical) em Alexandria, obtendo assim um arco de meridiano, que equivaleria a uma parte da circunferência da terra em graus. Sabendo a altura da coluna e o tamanho da sombra produzida, ele obteve o ângulo de 7º12' . O ângulo de incidência dos raios solares têm como referência o centro da Terra. Então, se naquele momento os raios solares incidiam em Siena com ângulos de 90º, Eratóstenes concluiu que a distância entre as duas cidades equivaleria ao tamanho do arco de meridiano produzido pelo ângulo da sombra do objeto localizado em Alexandria no mesmo instante. Ele soube por viajantes, que a distância entre as cidade era de 925 km. Como 7º12' correspondem a 1/50 de 360º, ele chegou ao resultado de 46250 km. No entanto, a informação da distância entre as cidades não era precisa,  Siena não está exatamente sobre o trópico de câncer, as duas cidades não estão precisamente sobre o mesmo meridiano, o que resultou num erro de aproximadamente 6000 km. Porém, isso não desmerece nem um pouco os cálculos e observações de Eratóstenes.









domingo, 10 de junho de 2012

CÁLCULOS COM USO DO SEXTANTE NO PARANOÁ

Fiquei devendo essa para meu amigo Luiz do Naval.
Pois é, imagino que as pessoas devem ficar pensando: " o que esse maluco está fazendo com essa luneta no paranoá, olhando pro Sol?". Tenho praticado bastante o uso do sextante para cálculos das coordenadas através da passagem meridiana do Sol. Então, vou lá pro meu barquinho munido de sextante e Almanaque Náutico e, o relógio. Apesar de estarmos a 1.000m de altitude tenho conseguido bons resultados. Primeiro, faço todos os cálculos e depois confiro com o GPS.O momento da visada do Sol é aproximado, já que não tenho usado um cronômetro.
Vamos aos resultados:
Estimei minha posição para os cálculos com latitude est. = 15º30' S    longitude est. = 047º30' W
erro instrumental do sextante = +15'
depressão = 3 m => 3,0'
Primeiro calculei a hora legal da passagem meridiana do Sol, tendo por base que para a data de hoje, consta no almanaque náutico a HML da pmd (hora média local da passagem meridiana) às 11:59. Para calcular a hora legal da passagem meridiana, faço a conversão de minha longitude estimada de arco em tempo (usando a página de conversão de arco em tempo do almanaque temos 47º30' = 3 horas e 10 minutos). Como estou a oeste de Greenwich, somo essas 3h10m à HML da pmd, resultando uma HMG = 15h09m (Essa é a hora média de Greenwich da passagem meridiana para essa longitude estimada). Então, para encontrar a hora legal, subtraio a HMG pelo Fuso equivalente à longitude estimada ( nesse caso, o fuso = 3). E, finalmente, HMG - FUSO = HORA LEGAL PMD = 12h09m. Parece complicado, mas é só seguir os passos com atenção.
Sabendo que às 12h09m era a hora legal para fazer as visadas do Sol, empunhei o sextante e tirei várias alturas. Consegui uma boa visada às 12h10m, e obtive altura instrumental = 50º56,6'. Daí fui para os cálculos.
Acrescentando o erro instrumental de +15' obtive a altura observada = 51º11,6'
Como estava a 3 metros de altitude (altura do olho em relação à superfície do lago), o valor da depressão encontrado no almanaque é de 3,0'
Subtraindo a depressão, obtive a altura aparente de 51º08,6'
Obtive no almanaque náutico a correção para o mês de junho em função do limbo inferior do Sol = +15,2'
Somando à altura aparente obtive a altura verdadeira do Sol = 51º23,8'
Calculei a distância zenital (90º - altura verdadeira) = 38º46,2'
Obtive no almanaque a declinação do Sol = 23º04,1' norte
Tendo que minha latitude estimada é 15º30' Sul e a declinação do Sol é norte, a distância zenital será Sul.
Daí, se tenho distância zenital sul e declinação norte, subtraindo uma pela outra e atribuo o nome da maior (sul ou norte) para a latitude meridiana. Então minha latitude meridiana calculada foi 38º46,2' sul - 23º04,1' norte, resultando 15º42,1'S.
Muito bem, obtive latitude 15º42,1'S. No GPS constava 15º50,6'S. O resultado foi satisfatório pelas condições do momento.
Para longitude, nessa situação da passagem meridiana, o cálculo aproximado é feito usando O AHG, obtido no almanaque para a HMG da observação. O resultadao para HMG 15h10m foi de 047º45,6'W. No GPS marcava 047º51,7'W.
Cansativo? Imagine quando não existiam nem as tábuas de navegação!
Daí podemos afirmar que com certeza ''NAVEGAR É PRECISO!''
Sugiro a leitura dos livros COMO NAVEGAR PELO SOL e CAPITÃO AMADOR.

terça-feira, 5 de junho de 2012

DESTINO: NORONHA

A partir de hoje já comecei a arrumar as tralhas, pra embarcar a bordo do AVOANTE rumo a Fernando de Noronha, na REFENO 2012
Apesar de todos os recursos eletrônicos para a navegação, levarei o sextante para praticar a navegação pelo Sol. Falando nisso,  estou devendo uma postagem sobre os cálculos que fiz da latitude meridiana no domingo, pra repassar para meu amigo Luiz.
Mas, como fiquei empolgado pela confirmação de minha ida a Noronha, fico devendo pra próxima.
O comandante Nelson já providenciou até um SPOT para quem quiser nos localizar:
Então, Bons Ventos!
E que o Senhor dos Navegantes nos acompanhe!
Ficheiro:Map of Fernando de Noronha-pt.svg






Passagem a�rea, 7 noites de

domingo, 3 de junho de 2012

LUAR DO LAGO PARANOÁ

Hoje foi um domingo muito especial no Lago Paranoá. Logo pela manhã teve a largada da regata de vela oceânica do Naval, e em seguida a turma do Sup. Após fazer um passeio com minha afilhada, saí para dar uns bordos e aproveitei para tirar mais umas fotos dos recantos do lago. Antes porém, aproveitei para exercitar o uso do sextante no momento da passagem meridiana do Sol (próxima postagem). E, pra coroar o final de domingo, eis que surgiu sempre linda e sedutora, a fonte maior de toda inspiração poética, a Lua.
Ouçam essa bela interpretação de Djavan da música
"Melodia Sentimental" de Villa-Lobos:
Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar